O dia de S. Valentim do Benfica (ou a retrospectiva das últimas relações)

Ainda no rescaldo de mais um dia de São Valentim, o Benfica, e os seus adeptos, sentem que encontraram um amor para a vida, daqueles à moda do Manchester United com o Fergusson, do Farense com o Paco Fortes, ou do Arsenal com o Wenger (mas em bom).

Lage, até agora, tem sido aquele amor "tão perfeito que custa a acreditar que seja verdade".

Recuando uns anos, tivemos o Jesus. Uma paixão louca, daquelas em que toda a gente percebe o que se está a passar menos nós. Jesus era uma daquelas raparigas do bairro, de leggings meio transparentes, que são um "canhão" e embora todos os nossos amigos nos digam "Vê lá, olha que isso só traz problemas!" Nós estamos tão loucos por aquelas curvas que nem percebemos os sinais. Quando queremos ir ver um concerto de Jazz e ela faz uma fita porque à mesma hora vai haver um especial Tony Carreira na Avenida da Liberdade que ela não pode perder, ou aquelas mensagens do WhatsApp que ninguém a não ser ela e as amigas (iguais a ela, com as mesmas leggings), conseguem descodificar. Essa rapariga acaba (invariavelmente), por nos trair com o tipo que mora no 4º andar do prédio dela, que foi o primeiro namorado e os pais são amigos desde sempre. Assim foi Jesus, uma miúda do bairro que diz "cá uma beijoca!" no momento em que conhece a tua mãe. (Não a levámos a casa, atenção. A nossa mãe é que nos apanhou no Colombo, na área da restauração). 

Depois veio Vitória. Uma relação sempre muito tranquila... mas... é isso. Vitória assemelha-se a uma daquelas raparigas das Avenidas Novas, que sabem estar, que são bem dispostas e nunca se chateiam com nada. Nem quando combinámos ir jantar com elas, mas fomos convidados à última da hora para ir ver o jogo a casa de um amigo e ela não se importa de trocar os planos. Levamos esta miúda a jantar lá a casa sem problemas e a nossa mãe pisca-nos o olho. É bonita sem ser deslumbrante. As coisas correm bem mas nós sabemos que nunca será nada de muito sério. De vez em quando ainda nos lembramos da outra rapariga... aquela que nos traiu com o outro gajo e ficamos a pensar se não lhe devíamos mandar uma mensagem no Facebook, só para saber como ela está. Damos por nós a ver os álbuns dela e a perceber que ela e o outro gajo não andam bem. "E se?... Não. Porra não!" e removemos a amizade de vez. Mas nesse dia tomamos também a decisão de acabar com a nossa actual namorada. A relação já não está a dar. Foi bonito, nos dois primeiros anos, mas agora é só ires para casa dela ver "Friends" (desde a temporada 1).

Quando regressas a casa, depois de teres tido a conversa com a (agora), ex-namorada, sobes no elevador com a miúda do 2º esquerdo. Era da tua turma no 5º ano, mas depois foi para longe e voltou no ano passado. Nunca te tinhas apercebido que ela é muito bonita. Correcção. É linda! Assim que te vê ela sorri. Pergunta pela tua mãe de quem surpreendentemente se lembra do nome. Naquela pequena viagem de apenas dois andares já percebeste que estás apanhado. Pensas "Quando chegar a casa vou adicionar-la no Instagram". Ela, assim que chega ao segundo andar, sai do elevador e diz-te "O que é que fazes no Domingo?" Tu pensas que vai dar o Benfica e respondes "Ainda não sei..." então ela diz "Tenho dois bilhetes para o Benfica... se quiseres podíamos ir juntos". Naquele momento a tua única dúvida consiste no tempo que durará entre o apito inicial do árbitro e o dia em que a pedirás em casamento. É bom demais para ser verdade! Esta última é Bruno Lage. Andou por ali, nas escolas do Caixa Futebol Campus, depois saiu, foi para fora, regressou para abraçar um projecto de transição e vê-se como treinador principal, sem sequer perceber muito bem como. Mas assim que começou a trabalhar percebeu-se imediatamente que a química entre ele o Benfica só pode dar num daqueles casos de muito tempo de casamento. Assim espero.

HBarreiros

P.S. - Obrigado pela ideia Tiago!

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